Desculpe o Transtorno, Mas Precisamos Falar Sobre Pitch
Em
2016 Mo’ne Davis fez historia no baseball ao ser não apenas a primeira negra a
a competir na Little League World Series, mas também ao ser a primeira garota a
ganhar um jogo arremessando.
Esse
fato inspirou Dan Fogelman (Crazy, Stupid, Love) a escrever uma série chamada
Pitch. Essa série narra à história de Ginny Baker (Kylie Bunbury), a primeira
mulher a participar na MLB (Major League Baseball).
Existe
um discurso poderosÃssimo na criação de Ginny Baker. Ela é uma mulher negra
quebrando uma barreira e inspirando milhares de outras mulheres, dentro e fora
da série. E existe um peso nisso e o piloto da série já aborda o quando isso
afeta a Ginny.
O
primeiro episódio, e único exibido até o momento, funciona como uma introdução
ao universo que estamos adentrando. Ainda não é possÃvel dizer muito sobre, a
série arranhou apenas a superfÃcie. É possÃvel já ver a complexidade que é
nossa protagonista, estou muito intrigada sobre como ela vai lidar com a
relação com o pai. Esse e um relacionamento conturbado, difÃcil e é possÃvel até
reconhecer que abusivo, entretanto a figura dele é de extrema importância para
ela. Fica difÃcil distinguir onde começava o sonho dela e onde terminava o
dele, as linhas são muito tênues.
Inevitavelmente
vai ser abordado questões de representatividade feminina, machismo e misoginia,
afinal temos uma mulher entrando num universo até então exclusivamente
masculino. Porém, aqui mora minha preocupação, existe uma possibilidade enorme
de assim como aconteceu com Agent Carter, Ginny ser isolada do convÃvio com
outras mulheres devido sua profissão. É importante manter um numero de
personagens femininas fixas convivendo com a personagem.
De
nada adianta termos uma protagonistas complexa, tridimensional e interessante
se ela é a única personagem feminina regular da série. Você não vai estar
progredindo tanto quanto imagina. É preciso trazer mais mulheres para o centro
da série.
Pitch
era uma das séries que estava mais empolgada para assistir essa fall season.
Devo confessar que estou bem animada com os rumos que a temporada está tendo no
geral, entre séries novatas e séries veteranas juntando canais abertos e fechados
americanos e a Netflix foram lançadas aproximadamente 15 séries com
protagonistas negros. Nunca antes tivemos tantos negros em destaque.
Esse
aumento no protagonismo negro e na quantidade de atores negros em geral nas
séries proporcionou algo fundamental, diversidade. Não estamos mais narrando
apenas um tipo de historia para personagens negros. Temos atores de diferentes
idades, diferentes corpos que interpretam personagens com diferentes desejos,
diferentes passados, com diferentes funções narrativas. Estamos gradativamente
deixando os estereótipos de Sassy Black Girl e Preto Magico e sendo
reconhecidos como personagens complexos, tridimensionais e diversos.
Temos
Annalise Keaton em How To get Away With Murder, Luke Cage, Zeke de The Get Down
que traz algo que é muito ignorado pela comunidade negra norte-americana que é
o negro de origem latina. Temos séries policiais, dramas, super heróis,
comedias, negros fazendo uma infinidade de gêneros e sendo reconhecidos por
isso.
Toda
série protagonizada por negro é importante, quando ela tem um roteiro bem feito
e dá vontade de voltar na semana seguinte é ainda melhor. Por isso precisamos
falar sobre Pitch, assistir a série, indicar para os amigos, compartilhar esse
texto. Quanto mais público séries com protagonistas tiverem mais surgiram
séries com protagonistas negros.
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