3 Surpresas e 1 Indignação que tive em 2016

Por Larissa Ribeiro

the get down

4 º The Get Down sendo ignorado no Grammy


Não querendo bancar o Kanye West aqui, mas como The Get Down não foi indicado ao Grammy, e Stranger Things sim? Não é uma discussão sobre séries e nem vou entrar nesse mérito, até porque assisti às duas, mas por favor. Uma trilha sonora forte, marcante e com personalidade, contra outra que tirando Foreigner ninguém lembra de nada?

insecure

3 º Insecure é ótima!


Produzido por Issa Rae (criadora da websérie Awkward Black Girl) e Larry Wilmore, a comédia da HBO explora a experiência feminina negra de uma forma mais... simples. Mais próxima da realidade.

Como estava falando com uma amiga outro dia, a mulher negra é muito cobrada. Querem que você esteja forte 100% do tempo. Simplesmente não pode tirar um tempo, porque é cobrança pra todo lado. E é assim com Issa e Molly, duas amigas que estão se sentindo inseguras sobre o rumo da vida delas.
Acompanhamos Issa, que acabou de fazer 29 anos, e praticamente está tendo uma crise de “ ¼ da idade”. Ela é a única negra no lugar onde trabalha, uma ONG que planeja mobilizar crianças carentes, mas não sai dos velhos moldes pra isso. Fora o emprego que não dá espaço pra suas opiniões, seu relacionamento, definitivamente não vai bem. Para complicar ainda mais,um namorado antigo volta, e parece mexer muito com Issa.

Já a sua amiga Molly, vai muito bem em sua carreira como advogada, ganha causas que ninguém conseguiu antes, tem um apartamento muito bom e vive bem. Sua preocupação é achar que nunca vai se casar, porque não encontra nenhum cara que queira algo sério.

Tem espaço pra falar sobre racismo, sobre o cara que disse que não queria algo sério e fica noivo de uma branca, sobre a colega de trabalho meio sem noção que se acha sua irmã de alma, a chefe que acha que lhe fez um enorme favor por te contratar... tudo de maneira bem humorada.

A trilha sonora é divertida, quase toda com rap, alguns inclusive da própria Issa.

E é uma série muito boa. Não é a melhor série sobre pessoas negras, nem a melhor série sobre mulheres, mas é absolutamente mais empolgante e se destaca justamente por abordar as duas coisas.


2º  O Projeto Brasil : DNA África


Sabe quando se conhece alguém que tem noção sobre uma grande parte da própria árvore genealógica, e você mal sabe sobre seu bisavô? Alguns descendentes de italianos ou portugueses, conseguem rastrear seus antepassados. Mas e nós? Os nossos antepassados foram simplesmente arrancados de seus países e jogados aqui. Nos negaram o direito de saber sobre o passado. Aliás, só nos permitem lembrar da escravidão.

Então, surgiu a iniciativa do projeto Brasil: DNA África, pelo Cine Group , onde se propôs uma descoberta da origem de parte dos brasileiros, ao contar a história de cinco pessoas que se submetem a um teste de DNA e descobrem suas origens na África. E o documentário é emocionante demais. Com cinco episódios, é mostrado como é maravilhoso descobrir suas origens, e ao mesmo tempo triste por perceber o quanto a maior parte da população africana ainda sofre. Nas palavras do plano do projeto : "Os afro-brasileiros são, ainda hoje, identificados como filhos e descendentes de escravos, quando, na verdade, são filhos e descendentes de africanos.".

O debate em relação à abertura das Olimpíadas no Brasil


Os brasileiros sabiam bem que desde o início, o evento estava sendo encarado com incredulidade. Desde piadas sobre Zika até  matérias tendenciosas, a descrença internacional causou muita preocupação. Nossa imagem estava em jogo.

Claro, o que se viu foi um show. Muita tecnologia, muita cor, muita luz e música, tudo visualmente bonito, mas no fim das contas não passou disso.
Acreditem, tem uma matéria que se refere à abertura como um show de "índios, portugueses e negros escravos".Parecia um livro de história sem revisão. Indígenas como espectadores passivos que só existem no início do Brasil, portugueses como desbravadores, e africanos sendo lembrados apenas como escravizados.


Enquanto muitos ficaram só nos elogios, outros estavam questionando e procurando o "empoderamento" prometido. E isso mostra que por mais que tentem camuflar essas "sutilezas", a conscientização está acontecendo. Não houve realmente uma preocupação por mostrar que mesmo oprimidos e sendo ESCRAVIZADOS, os negros (e indígenas) resistiram e deixaram sua própria marca dentro da identidade brasileira. Até houve uma parte com passinho e funk na favela, mas se fosse realmente voltado para "exaltar", onde estavam os favelados na arquibancada?

Não estou rebaixando o evento, a abertura foi muito bonita sim, foi uma vitória na cara de quem não acreditou que o Brasil poderia impressionar o mundo. Porém, se o conceito era empoderamento, passou bem longe.
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