One Day At A Time e a Latinicidade Que Não Sabia Ter



Nesta semana da mulher, de 1º a 8 de março, portais nerds feministas se juntaram em uma ação coletiva para discutir de temas pertinentes à data e à cultura pop, trazendo análises, resenhas, entrevistas e críticas que tragam novas e instigantes reflexões e visões. São eles: Collant Sem Decote , Delirium Nerd, @IdeiasemRoxo, Momentum SagaNó de Oito, Preta, Nerd & Burning Hell, Prosa LivrePsicologia&CulturaPopValkiriasKaol Porfírio#wecannerdit #nerdiandade #nerdgirl#feminismonerd #8demarço

One Day At A Time e a Latinicidade Que Não Sabia Ter

por Camila Cerdeira

A Netflix sempre tem boas séries, acho que isso não é novidade para ninguém. Um belo dia recebi uma recomendação de uma nova série de comédia, One Day At A Time. Ela é o remake de uma série de 1970, na nova versão vamos acompanhar a vida de Penelope, mãe, enfermeira e ex-combatente do Iraque, Lydia avó, Elena e Alex, os dois filhos. É uma típica família cubana vivendo nos Estados Unidos.

O roteiro é excelente e faz você ir das gargalhadas as lagrimas e de volta as gargalhadas. Discute assuntos como sexualidade, PTSD, feminismo, religiosidade, microagressões e por ai vai. Acaba de ser renovada para uma segunda temporada.

O que realmente me surpreendeu foi a identificação com a série, eu fui a Elena e meu irmão era o Alex, incluindo a obsessão com gel de cabelo. Meu irmão mesmo apontou que fisicamente Penelope é muitíssimo parecida com minha mãe. E foi ai que a cabeça começou a dar black mirror. Pois eu foi de uma família negra, que cresceu vendo minha mãe falar de si como uma orgulhosa mulher negra. Se minha mãe e Penelope são tão parecidas, como uma eu via como negra e a outra como latina?

Cuba sempre foi um fascínio meu e sei que seu histórico se aproxima muito do que aconteceu no Brasil, especialmente no nordeste. Então natural termos traços culturais e históricos semelhantes, nossa colonização e como se deu a miscigenação são próximos. Também é preciso pontuar que a família da série só se declara latina por viver nos Estados Unidos, se vivessem em cuba seriam só cubanos.

Seriam eles, ou pelo menos Penelope, que não reconhece a negritude que tem? Ou séria minha mãe que na ânsia de se encaixar escolheu a primeira opção. Por que são inúmeros os relatos de conhecidos e desconhecidos que tem reclamado de nunca ter se sentido branco na vida e ficar na duvida de a qual raça/etnia pertencem a final.

A pouquíssimo tempo entrei em contato com o termo Afrolatino, exatamente para expressar pessoas que são simultaneamente latinas e negras. Por que ser latino é uma etnia, ou seja, é ter uma memoria cultural e histórica e eu não quero ver isso esquecido em favorecimento da cor da minha pele. Quero ser capaz de vivenciar os dois.

No casa da minha mãe e da série, os questionamentos apenas começaram. Talvez se mais pessoas começarem a pensar junto possamos chegar a alguma conclusão.
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