One Day At A Time e Uma Nova Forma de Contar Historias LGBT
Eu
sei que já escrevi um texto sobre One Day At A Time, mas a série aborda tantos
temas relevantes que eu me permiti um segundo texto. Dessa vez vou abordar
pontos especÃficos da trama, por tanto, fica aqui o aviso de SPOILERS.
Sempre
fui adepta de que historias LGBTQ+ deveriam ser focadas apenas e exclusivamente
no LGBTQ+, a série modificou isso. O show é sobre o cotidiano dessa famÃlia latina
e você sair do armário é algo que pode afetar aqueles que vivem com você de
formas diferentes.
O
grande diferencial foi a inteligência e sensibilidade dos roteiristas. Primeiro
que Elena não teve a clichê, mesmo que real, historia de descobrir sua sexualidade
se apaixonando pela melhor amiga (Buffy, South of Nowhere, Skins, Glee, Faking
It e até mesmo Grey’s Anatomy). Em 2017 alguém ser gay ou lésbica não é nenhum
absurdo. Uma série que conseguiu mostrar essa nova visão foi Chasing Life,
Brenna era uma adolescente de 16/17 que só havia se interessado por homens, mas
via sexualidade como algo fluido e não descartava a possibilidade de se
envolver com uma mulher, o que aconteceu sem dramas.
Ter
uma adolescente de 15 anos com tanta consciência social quanto Elena
reconhecendo que sente atração por garotas, mas disposta a experimentar, pois
nunca se envolveu com ninguém de gênero nenhum para ter certeza é real, honesto
e a cima de tudo atual.
Essa
é a história dela. A série não é sobre a personagem, mas sim sobre a famÃlia e
como suas relações se dão. Faz sentido Elena conversar e explicar para o seu
irmão de 12 anos as duvidas e incertezas que está sentido. Ou todos se
preocuparem com a reação da avó extremamente católica que acabou aceitando sem
nenhum embate religioso por amor a neta.
O
outro acerto foi abordar com mais aprofundamento a reação de Penelope, a mãe.
Ela não é religiosa, tem amigos gays e
de uma forma geral é uma aliada da comunidade LGBTQ+, entretanto ao saber que a
filha é lésbica ficou com um gosto amargo na boca.
Foi
nesse ponto que a série novamente se interseccional com a minha vida. Durante
toda minha adolescência minha mãe implicou com minhas amizades femininas mais
intensas, em especial minha melhor amiga dos 16 aos 18 anos, que é a primeira
garota que amei.
O
que sempre me incomodou era isso, minha mãe parecia não ter problema com as
outras pessoas não sendo heteros, mas sim comigo. One Day At A Time foi o que
me fez entender seu lado.
Penelope
esta se martirizando por não estar aceitando com a mesma facilidade que os
demais quando numa conversa com um estranho ela percebe que apenas há 3 dias
ela entrou em uma nova realidade e que ainda precisa se readaptar.
Quando
a filha nasceu foi idealizado uma vida onde elas fofocariam sobre os garotos
bonitos das escolas, Elena chorando em seu colo sua primeira desilusão amorosa
e por ai vai. Com o tempo Penelope veria que o laço de mãe e filha não será
menor ou menos especial por elas gostarem de pessoas de gêneros diferentes.
Essa
é uma história LGBTQ+ que não é focada apenas no LGBTQ+ que eu precisava ver,
talvez minha mãe tivesse precisado ainda mais e muitos outras pessoas também.
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