Crisis On Earth X: O melhor filme de Super Heróis do Ano

A CW lançou os melhores 168 minutos de uma adaptação audiovisual baseada em Quadrinhos de Super-heróis. Nada que a DC ou a Marvel liberou até agora bate a qualidade em narração ou adaptação que o mega crossover trouxe.


Por Camila Cerdeira

É preciso entender que nada foi acertado nesses quatro episódios magicamente, na verdade vimos o resultado do ardo trabalho feito ao longo de seis anos. Não teríamos Crisis On Earth X se a CW juntamente com a DC não tivesse pegue a formula Marvel e aperfeiçoado. Bem como a Marvel começou seu Universo Cinematográfico Unificado usando um personagem de segunda categoria com o Homem de Ferro, que hoje tem o status que tem graças a interpretação de Robert Downey Jr. A CW começou seu universo com Arrow e o Arqueiro Verde de Stephen Amell, e mesmo que você acha que ele não é um bom ator ou que o personagem do Oliver Queen não é carismático o bastante, lembre-se que ele foi carismático o suficiente para série ser um sucesso em seus anos iniciais e para que a CW confiasse em produzir outras séries no universo DC.

Atualmente são Supergirl, The Flash, Legends of Tomorrow, Arrow e a animação Vixen. Proximo ano se junta a equipe a série Black Lightning e se você assistiu o crossover não deve ficar surpreso se na próxima fall season surgir o anuncio da série do The Ray.

Voltando aos motivos do sucesso do mega crossover. Então temos um longo universo já estabelecido. Sabemos exatamente quem são esses heróis e mais do que isso, sabemos como a relação entre eles se dá. Então essas quase 3 horas de duração existem para fazer a trama caminhar, ela caminha as vezes numa cena de batalha onde até 16 super-heróis brigam entre explosões e outras vezes é quando dois personagens se despem de seus poderes para ter uma conversa humana sobre seus medos e inseguranças diante dessa grande ameaça. E ao contrário do que tem sido visto no cinema, a equipe que produziu Crisis On Earth X soube balancear perfeitamente bem isso.


A partir desse paragrafo eu irei entrar em detalhes realmente do que acontece nos episódios e por tanto deixo aqui o aviso de SPOILER e recomendo que se você não viu ou não está em dia com as séries em questão, não leia agora o texto, deixa para assistir o episódio e depois você retorna.

Eu já assisti o episódio duas vezes e estou quase vendo uma terceira não apenas pela empolgação, mas por que também quero ter certeza que consegui absorver todas as informações. Tive muitos problemas com o mega crossover do ano passado. Reconheço que gostei pela hype, por ser a primeira vez que algo similar a uma Liga da Justiça ou Super equipe na TV, mas haviam muitos defeitos. O episódio de Supergirl não estava incluso de verdade no crossover. Os personagens coadjuvantes de cada série foram muito mal utilizados, aparecendo apenas no episódio da série que pertenciam e com uma explicação meia boca ou sem explicação nenhuma. E cada episódio ficou tão segmentado que não tinha uniformidade.

Corrigiram tudo nesse. Acho que entrou mais dinheiro no orçamento, sentiram a pressão de ter um filme da Liga da Justiça do lado para competir. Finalmente tivemos uma história em quatro partes e cada série trouxe um sentimento diferente a sua parte. Por exemplo, a primeira que corresponde a Supergirl, tivemos um episódio leve, muito focado em amor e nas relações dos personagens. Eu realmente senti que via um episódio de Supergirl, ainda que se passando em Central City. O mesmo se aplicou as outras partes, sempre havia algo que fazia você lembrar de qual série aquilo pertencia.


O tema dos nazistas não é exatamente nenhuma novidade, acho que não se discute outro tema. Tivemos o Capitão America Hydra inclusive, mas a abordagem da DC/CW me agradou um pouco mais. Ainda não foi perfeita, por exemplo achei meio desnecessário usar um símbolo real nazista no peito da Supergirl. Eu sei que era a doppelganger do mal e que eles usaram um símbolo menos obvio que a suástica, mas ainda acho que eles podiam ter criado um símbolo próprio que não trouxesse karma ruim.

Eu também acho muito errado que os dois heróis mortos sejam um homem negro e um judeu. Simplesmente não faz sentido, Victor Garber de fato pediu para sair, porém haviam outras formas. Tinham encontrado uma forma de desligar Firestorm sem causar nenhum mal a ambas as partes. Okay que a morte ficou anunciada ao longo do episódio, o momento que ele conversa com Caitlin, a briga e reconciliação com Jax tudo eram um indicativo da injusta e bem manipulativa morte que os roteiristas preparavam. Ainda que as cenas em Legends of Torromow onde Jax dá a notícia do falecimento e o velório me levaram de fato as lagrimas.

Em contrapartida o discurso que a Felicity, única outra personagem judia, faz quando se coloca na frente da fragilizada Kara. “Meus avôs não sobreviveram ao Holocausto para que o mundo fosse regido por nazistas.”. Esse é o tipo de heroísmo que a gente merece, não é uma questão de poderes, super força ou grande velocidade, mas sim valores humanos e a nossa decisão de estar do lado certo da história.


E muito bom ver que os roteiristas lembraram que isso pode vir de qualquer um. Então tivemos momento que Felicity Smoak e Iris West foram salvar a garota de aço dos invasores. Provando mais do que nunca que personagens femininas não são apenas interesse amorosos. O universo CW tem um bom número de heroínas, Sara Lance inclusive está na posição de liderança de sua equipe em Legends of Tomorrow.

A última vez que vi uma personagem mulher não hetero ser tão bem tratada assim foi nunca. Isso foram duas representações que tivemos bem, personagens femininas e personagens LGBT. O movimento nazista não foi uma questão apenas racial, mas ele também perseguiu e marcou pessoas LGBT, a utilização do triangulo rosa para marcar pessoas gays é historicamente correta. Então a cena onde Sara Lance confronta o doppelganger do próprio pai se posicionando ao lado de minorias e se declarando como uma mulher bissexual é uma cena importantíssima.


Falando numericamente, em Crisis On Earth X tivemos a presença de 5 personagens LGBT, dos quais 4 estavam romântica ou sexualmente envolvidos, na verdade todos são cis. Nove pessoas não brancas, infelizmente nenhum asiático. E nove mulheres, três são não brancas. Isso considerando apenas o núcleo de heróis, incluso Iris, Felicity e Wells que estavam na central de comando. Pode parecer pouco e de fato é, mas é o maior número já registrado no geral.

Sempre existe espaço para melhorar, então espero que o próximo ano traga um crossover ainda melhor. Mesmo que nesse exato momento eu não faça ideia de que trama eles podem trazer, talvez seja melhor assim, estamos abertos a sermos surpreendidos. Caso tenha assistido o crossover e queira compartilhar uma opinião, a caixa de comentários está aberta, ainda ficaram muitos tópicos a serem discutidos. Por exemplo, quem era a misteriosa garçonete que conversou com Barry no casamento?
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