#BlackList: Top 5 heroínas negras do futuro!

Essa postagem faz parte da Ação Nerd Feminista onde portais nerds feministas se juntaram para uma ação coletiva para discutir temas pertinentes a data do Dia Internacional da Mulher e à cultura pop, trazendo análises, resenhas, entrevistas e críticas que tragam novas e instigantes reflexões e visões. São eles: Nebulla, Delirium Nerd, Momentum Saga, Nó de Oito, Prosa Livre, Valkirias, Kaol Porfírio, Séries por Elas.

#WeCanNerdIt #FeminismoNerd #8deMarço #DiaInternacionaldaMulher

Faz tempo que eu cansei do modo como a cultura pop reitera imagens de sofrimento e dor das pessoas negras. A exploração emocional e física parece dar conta de uma saudade do passado que mantem o sistema de privilégio racista atualizado, assim, como feminista eu assumi uma postura crítica de não pagar para assistir filmes sobre a escravidão passada ou presente. Pra mim, válido é olhar para o futuro, seja em forma de fantasia e ficção científica como Pantera Negra e Uma Dobra no Tempo, ou dum presente no qual pessoas negras são infundidas de capital vital, como em Queen Sugar.

Por isso, concordo com a crítica Roxane Gay, que afirmou em seu best-seller Má Feminista: "a escravidão tem sido bem explicada desde 1800" (2016, p. 227), portanto, cabe a cada uma de nós o esforço de imaginar o futuro, e, não apenas isso: sermos mulheres do futuro. Neste vislumbre, elenquei as cinco personagens a seguir que são as mulheres Negras do futuro que mais ME inspiram. Não se intimide, comenta quais são as suas, mas não esqueça que essa lista é o meu ponto de vista! Vamos lá!

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5. ZOE WASHBURNE
Apesar dos pesares, Joss Whedon fez Firefly

Embora Zoe Washburne seja descrita como uma personagem de poucas dimensões, não podemos reduzir sua retidão de caráter, a lealdade às pessoas e o comprometimento com o mundo melhor. Sua autoconfiança é inspiradora, mesmo que o silêncio e ação prevaleçam em detrimento de falas. Sua ética faz com que seja uma heroína, mas é uma pena que Firefly tenha sido uma série tão breve.

4. NAKARI KELEN
Star Wars: Herdeiro do Jedi é um livro que faz parte do universo expandido da franquia de George Lucas e se passa entre os episódios IV e V. Nele temos uma aventura protagonizada e narrada por Luke Skywalker que conta com a fundamental presença de Nakari Kelen. Descrita como uma mulher alta, com pele escura e uma cascata de cachos finos, Kelen é uma jovem privilegiada, filha do rico empresário do ramo da biotecnologia.


Por si só, isso já rompe os estereótipos, mas ela vai além disso: escolhe seu destino ao se aliar à Aliança Rebelde. Durante a missão para a qual é destacada junto ao Skywalker, ela salva o rapaz diversas vezes e luta com bravura e honra sem cair naquele modelo unidirecional (só seriedade, só dureza, só músculos). Nakari é engraçada, profundamente leal à causa e - por que não - bonita; ela não faz questão de ser perfeita ou de se encaixar (temos aí um privilégio de classe?) e, por essa razão, acerta em cheio!

3. Michael Burnham
Star Trek: Discovery, a despeito de uma narrativa geral que incomodou até mesmo às pessoas legais, rompeu um novo limite ao introduzir uma protagonista como Michael Burnham (Sonequa Martin-Green) e enfatizar a relação de respeito, lealdade e amizade entre ela e sua capitã Capitã Philippa Georgiou (Michelle Yeoh). Por ter sido criada na cultura Vulcana, ela experiencia o sexismo e preconceitos étnicos em primeiro lugar, escapando das narrativas rasas sobre ser negra reduzir o individuo à vítima, Discovery proporcionou uma nova perspectiva com seriedade. Burnham luta até as últimas consequências pelo que acredita.


Sua jornada evidencia a transformação de sentimentos como autocontrole, perfeccionismo e exatidão - típico dos vulcanos e herança colonial na nossa realidade - em compreensão do amor como força também. A mensagem de Burnham é pontente por materializar o desafio que precisamos encarar nas sociedades pós-coloniais, aprender a sentir e a viver o amor. Para você ter ideia deste significado, leia este artigo em inglês: Star Trek: Discovery’: How Michael Burnham Speaks to my Perfectionist, Highly Sensitive Struggles.

2. ESSUN
A Quinta Estação é uma trilogia fantástica que discute, por meio de analogia, as fraturas do nosso momento presente sem compaixão por meio de uma paisagem, linguagem e vocabulário próprios. Certo dia, ela volta para casa e descobre que o seu marido assassinou o próprio filho e sequestrou a filha, fato que dá fim ao mundo dela, junto ao fim do mundo real, uma catástrofe.

Fan art com as protagonistas de A Quinta Estação

Fato é que Essun sofre de estresse pós-traumático - em resposta à injustiça brutal- e tem sua fúria direcionada à raiz do problema, em silêncio, procurando vencer a perturbação emocional e reflexiva. Graças à maestria de Jemisin, enxergamos desde dentro suas reflexões sobre maternidade, o modo como a diferença transmitida à geração seguinte define a vida ou a morte (ser uma mãe Negra é escolher o destino dos filhos?) e outros dilemas sobre um mundo no qual sofrimento marcado no Ser é a própria definição de estar. Sua força interior é a melhor definição de sobrevivência, de vontade de justiça e de Verdade.

1. DANA
Kindred é o tipo de romance que marca a existência de quem o compreende. Explico: a protagonista Dana é uma mulher Negra de vinte e seis anos dos "nossos tempos" (1976), altiva, culta e incapaz de ser constrangida por ser quem ela é. Por alguma razão, ela faz uma viagem no tempo - ao contrário do que propõe a física atualmente - ao passado, exatamente no sul dos Estados Unidos antes da Guerra Civil, ou seja, dominado pela economia da escravidão.

Kindred foi o primeiro romance da escritora Octavia Butler publicado no Brasil em 2016 pela Editora Morro Branco

É admirável a tenacidade e a dignidade da heroína ao lidar com as mentes e costumes daquele tempo sem ser dominada. Sua determinação, no entanto, não faz com que ela seja uma super-mulher: há momentos de resiliência e de muita dor, assim como há momentos em que se revela o veio revolucionário, coletivo e amoroso. Dana é uma pessoa completa, não porque alcançou a perfeição, mas porque reconhece seu valor, tem coragem e vive o amor que liberta e fortalece (não aquele aterrador do século XIX, por favor). Sua consciência crescente naquele passado que nos atormenta diariamente aponta para os novos rumos, portanto, Dana é uma mulher que inspira e aponta para o futuro.



REFERÊNCIA
GAY, Roxane. Má Feminista: Ensaios provocativos de uma ativista desastrosa. São Paulo: Novo Século, 2016. Compre na Amazon.

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