[Resenha] Dear White People: Volume 2
Eu devorei esses episódios de Dear White People Volume 2 como se fosse um pacote de Ruffles sabor salsa&cebola. Numa sentada numa tarde de domingo e foi isso. Mas não queria dar uma opinião sobre a série tentando visto tão rápido. Resolvei rever o filme e as duas temporadas e essa foi uma escolha muito boa para mim, recomendo que quem tiver tempo faça.
O filme de Dear White People é mais ferino, é um soco na boca do estômago da branquitude e em 2014 havia realmente um sério problemas nas universidades americanas e nas brasileiras de festas ou momentos onde estudantes brancos achavam uma ótima ideia fazer black face.
Ele atacou essa ferida e foi muito inteligente nisso. Também gosto da construção da Sam. Porém o filme tem uma Coco que é impossível de gostar e sou extremamente feliz pela mudança total que a série tomou na personagem, assim como a série tem a oportunidade de abordar melhor o personagem tanto do Troy quanto do Reggie. Fora a adição da personagem da Joelle.
Quanto ao personagem do Lionel, série e filmes tem narrativas completamente diferentes. No filme é bem explicito que o personagem está fora do armário, na série ele mesmo dá um discurso de não querer se rotular, o que é uma experiência valida e gosto que seja possível ter as duas narrativas.
Vamos falar agora da série. A primeira temporada foi bem pontual em mostrar como pequenos gestos que talvez um branco que se acha engajado ou mente aberta ou que apoia a causa do movimento negro pode gerar situações de racismo grave. O Gabe nunca se viu como racista, mas foi a ligação dele que fez Reggie encarar uma arma. A primeira temporada foi um tapa na cara da branquitude, até mesmo aquela que é bem intenciona ainda erra e gera racismo devida a sociedade racista que todos estamos inseridos.
Já a segunda eu acredito que foi mais o posicionamento que o próprio Reggie tomou num dos primeiros episódios da temporada. Cansei de pensar no branco, o que ele faz ou deixa de fazer e quero começar a pensar na comunidade negra e em mim como indivíduo nessa comunidade.
E eu acho que isso foi a segunda temporada da série. Centrar em como é ser negro, honestamente e em cada individualidade que temos. Coco, Sam e Joelle são três mulheres negras que tem experiências de vida diferentes e isso é ótimo, por que esse site que é formado por 12 mulheres negras não tem uma sequer que tenha a mesma experiência de vida que a outra e por tanto tempo quisemos nos sentir representadas que era impossível fazer isso explorando só uma personagem negra por história. O mesmo vale para os homens.
Especialmente o Lionel que é um homem negro e gay. Ser negro na nossa sociedade é ser hipermasculino, ser gay é ser hiperfeminino. E pela primeira vez começamos a discussão sobre como Lionel não se encaixa em nenhuma forma ou grupo como os gays escritores brancos ou a turma LGBT negra do lacre. Ele é um jovem introvertido que fica excitado em ter uma boa história para escrever e isso não faz dele menos gay e é bom que tenhamos esses exemplos na mídia.
Porém nem tudo são flores. Como mulher negra não hetero eu continuo não me vendo representada em nenhum sentido. Por que dizer que a Kelsey sempre foi lésbica, só ninguém perguntou não conto. Os roteiristas tão vão fazer a J.K. e tirar uma representatividade retroativa de uma personagem que em um ou dois episódios se declarou lésbica e nunca foi mostrado nenhuma relação ou como sua sexualidade influencia na construção da sua identidade como pessoa. Eles têm que fazer melhor, nós mulheres negras não heteros merecemos melhor.
Sobre a questão da sociedade secreta. Eu sou uma mistura da Sam do filme com a da série e com um ascendente no Lionel. Desculpa, mas eu amo uma boa história de sociedade secreta e um episódio meio caçada ao tesouro. O que posso fazer eu sou esse tipo de nerd.
Eu gostei da segunda temporada de Dear White People, eu terminei a segunda maratona dela sentindo que estavam escrevendo para mim como público, e isso é um sentimento muito raro de se sentir. E por causa da sociedade secreta estou ainda mais curiosa para a terceira.
P.S.: achei fofo eles terem trazido os protagonistas do filme para fazer uma aparição na série.
Por Camila Cerdeira
O filme de Dear White People é mais ferino, é um soco na boca do estômago da branquitude e em 2014 havia realmente um sério problemas nas universidades americanas e nas brasileiras de festas ou momentos onde estudantes brancos achavam uma ótima ideia fazer black face.
Ele atacou essa ferida e foi muito inteligente nisso. Também gosto da construção da Sam. Porém o filme tem uma Coco que é impossível de gostar e sou extremamente feliz pela mudança total que a série tomou na personagem, assim como a série tem a oportunidade de abordar melhor o personagem tanto do Troy quanto do Reggie. Fora a adição da personagem da Joelle.
Quanto ao personagem do Lionel, série e filmes tem narrativas completamente diferentes. No filme é bem explicito que o personagem está fora do armário, na série ele mesmo dá um discurso de não querer se rotular, o que é uma experiência valida e gosto que seja possível ter as duas narrativas.
Vamos falar agora da série. A primeira temporada foi bem pontual em mostrar como pequenos gestos que talvez um branco que se acha engajado ou mente aberta ou que apoia a causa do movimento negro pode gerar situações de racismo grave. O Gabe nunca se viu como racista, mas foi a ligação dele que fez Reggie encarar uma arma. A primeira temporada foi um tapa na cara da branquitude, até mesmo aquela que é bem intenciona ainda erra e gera racismo devida a sociedade racista que todos estamos inseridos.
Já a segunda eu acredito que foi mais o posicionamento que o próprio Reggie tomou num dos primeiros episódios da temporada. Cansei de pensar no branco, o que ele faz ou deixa de fazer e quero começar a pensar na comunidade negra e em mim como indivíduo nessa comunidade.
E eu acho que isso foi a segunda temporada da série. Centrar em como é ser negro, honestamente e em cada individualidade que temos. Coco, Sam e Joelle são três mulheres negras que tem experiências de vida diferentes e isso é ótimo, por que esse site que é formado por 12 mulheres negras não tem uma sequer que tenha a mesma experiência de vida que a outra e por tanto tempo quisemos nos sentir representadas que era impossível fazer isso explorando só uma personagem negra por história. O mesmo vale para os homens.
Especialmente o Lionel que é um homem negro e gay. Ser negro na nossa sociedade é ser hipermasculino, ser gay é ser hiperfeminino. E pela primeira vez começamos a discussão sobre como Lionel não se encaixa em nenhuma forma ou grupo como os gays escritores brancos ou a turma LGBT negra do lacre. Ele é um jovem introvertido que fica excitado em ter uma boa história para escrever e isso não faz dele menos gay e é bom que tenhamos esses exemplos na mídia.
Porém nem tudo são flores. Como mulher negra não hetero eu continuo não me vendo representada em nenhum sentido. Por que dizer que a Kelsey sempre foi lésbica, só ninguém perguntou não conto. Os roteiristas tão vão fazer a J.K. e tirar uma representatividade retroativa de uma personagem que em um ou dois episódios se declarou lésbica e nunca foi mostrado nenhuma relação ou como sua sexualidade influencia na construção da sua identidade como pessoa. Eles têm que fazer melhor, nós mulheres negras não heteros merecemos melhor.
Sobre a questão da sociedade secreta. Eu sou uma mistura da Sam do filme com a da série e com um ascendente no Lionel. Desculpa, mas eu amo uma boa história de sociedade secreta e um episódio meio caçada ao tesouro. O que posso fazer eu sou esse tipo de nerd.
Eu gostei da segunda temporada de Dear White People, eu terminei a segunda maratona dela sentindo que estavam escrevendo para mim como público, e isso é um sentimento muito raro de se sentir. E por causa da sociedade secreta estou ainda mais curiosa para a terceira.
P.S.: achei fofo eles terem trazido os protagonistas do filme para fazer uma aparição na série.
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