GUEST: "TODOS OS PÁSSAROS NO CÉU", DE CHARLIE JANE ANDERS



A obra foi composta pelos desenhos em preto e branco do Editorial em Freight Text e venceu o Prêmio Nébula na categoria de Romance naquele mesmo ano.



  • Todos os pássaros do céu (All the birds in the sky)
  • Charlie Jane Danvers
  • Editora Morro Branco 
  • Trad. Patê Rissatti
  • 480 p.
  • 2017

  • Por Edirlene Ana de Souza (*)

    SPOILER!

    O livro Todos os pássaros no céu foi publicado em 2016, originalmente, nos Estado Unidos das Américas, e, aqui no Brasil, pela Editora Morro Branco no ano seguinte. A escritora (Jane Anders) se considera uma bruxa; para dar vida ao livro, usou seu caldeirão moderno (notebook), empregou as palavras, frase, misturou com uma pitada de ficção científica, de bruxaria e, para deixar a obra mais intrigante, adicionou um belo bocado da poção de amor para transmitir a magia e a ciência das emoções humanas. 

    Para a autora, Charlie Jane Anders, o romance retrata pessoas que não “se sentem em casa no mundo” e não se veem como interessantes: “Eu me sinto muito próxima dessas personagens. Sempre me interessei por outsiders, pessoas que se sentem incompreendidas, ou que sentem que o mundo não faz sentido. Em parte, porque ninguém quer ler uma história sobre pessoas que tem tudo resolvido”.  Charlie afirma também que tem experiência pessoal sobre o que é estar à margem do circulo social: "levar a vida como transgênero, definitivamente, me mostrou o que é ser outsider; senti que os membros que compõem a sociedade não compreenderem as diferença. Essa experiência me definiu". Anders ressalta que qualquer pessoa pode compreender esse drama: A maioria dos indivíduos se identifica com o sentimento de não pertencimento, ou de ser uma espécie de outsider, ou de que há algo estranho sobre você. 

    Enquanto a humanidade sobreviver, a melhor parte do planeta Terra terá resistido
    (ANDERS, 2017, p. 355).



    A escritora e jornalista Charlie Jane Anders fundou o site sobre ficção científica e fantasia io9,  no qual atua como editora. A primeira bruxaria no caldeirão moderno gerou o romance Choir Boy,  que venceu o Lambda Literary Award (2006), e a novela Six Months, Three Days venceu o Hugo Award (2013), tendo sido proposta para uma adaptação televisiva. A sua bruxaria atravessaria o oceano para se publicado no Brasil, dando asa para Todos os pássaros no céu (2017), um feitiço elogiado e premiado. 

    A HISTÓRIA

    O livro está repleto de encontro e reencontro, se passa desde a infância até a face adulta dos personagens, e isso se divide em quarto livros. O primeiro livro inicia com a fragilidade da natureza, (simbolizada pelo pardal ferido) com encontro da inocência, e pureza representada pela Patrícia. A colisão dos olhares revela para ela o medo, Senhora Morte, e o sofrimento pela asa quebrada do pássaro, e ainda não entedia com a vida poderia sair do corpo de alguém. Observou a luta que o pardal enfrentava para se manter vivo; o confronto com a morte foi intenso, a ponto da menina prometer, de todo coração, fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para o salvar. 

    Patrícia leva o pássaro para casa que, há cem anos, era uma loja de especiarias, mas ainda exalava os perfumes da canela, cúrcuma, açafrão, alho e um pouco de suor dos trabalhadores do comércio, no período colonial. A casa ainda ressoa sons dos lamentos seres vivos; Roberta, a irmã de Patrícia , mantem a tradição dos seus antepassados, iniciado a prática as receitas de família, com suas cobaias da floresta. Os cozidos de sapos e experimentos de enfiar ratos em seu lançador de foguete caseiro eram os seus favoritos. 




    No momento em que tentou que o pássaro batesse a asa, ele saiu da casa centenária. Patrícia ficou espantada pela recusa do pardal, então ele expressou os sentimentos: que a casa é um cativeiro, e que isso é pior que a morte. Neste episódio, a garota travessa, encardida, com rosto redondo, olhos verdes falou com o pássaro que entedia o seu medo e reproduzia sua linguagem; então perguntou para ele o seu nome (Dirrp). Ele não entedia como aquela menina podia falar com ele; seria ela uma bruxa ou um menina especial?

    No segundo livro, a trombada que Patrícia destruiu a máquina do tempo de Laurence. Ele era um garoto pequeno para sua idade, de cabelos ruivos desbotados, um queixo comprido e braços longos como minhocas, mas inteligente. A partir daí, tem início uma historia de amizade, que vai se transformar amor: duas pessoas totalmente diferentes, que se amas, mas não se permitem. A vida do casal vai e vem, e mantém o dualismo entre a magia e a ciência, entre mal e o bem, entre o amor e ódio, entre humano e máquina, em todas as páginas, vamos nos deparar com este duelo. 

    Laurence, ainda menino, transforma a ficção científica em realidade com a criação do supercomputador M3MUD@, que adquire as emoções, é autoconsciente, e, através da vivência com Patrícia, passa a ter um nome, a identidade de Falcão peregrino. Isso ocorre depois que Patrícia salva Lau da CLOD-WATER: o Reformatório Militar.

    Patrícia é excluída por falar com os animais e com as árvores, além de fazer rituais de magia na floresta. Isso faz com que ela seja caçada e perseguida pelo grande inimigo da natureza e da comunidade da magia, o Sr. Rose. Ela se transmorfa em pássaro, para poder escapa dos caçadores de bruxa, e vai para escola de magia, seu sonho se realizou. 

    Para chegarmos no terceiro livro, se passaram dez anos. Já adultos, Laurence e Patrícia se reencontram em São Francisco, no Estado da Califórnia, uma cidade que mistura arte e estrutura arquitetônica antiga e do pós-modernismo. Nela, a magia vem do poder de manipular as essências de plantas e animais para prática da ascendência chinesa, e além de misturar ciência e tecnologia. Neste ambiente, eclode a amizade e um amor que foi nasceu na infância pelo casal, mas não fora, nem declarado, nem vivido. 

    Capa original 
    O laço não foi desfeito, apesar de cada um ter seguindo para caminhos diferentes. Cresceram, e realizaram os seus sonhos. Laurence se tonou um garoto prodígio no mundo da tecnologia, em sistemas de computação, e o financiamento primordial para o sucesso empresarial de seu chefe, Milton. A parceria com sua equipe superinteligente formada pela Isobel, Sougata um surfista que tinha um bigode preto e denso, Anya, uma garota sardenta do Centro Oeste que usava óculos grossos  e era engenheira e Tanaa, afroamericano que tinha habilidade de construir, e Priya que desejava ser a primeira pessoa sem peso na Terra: a primeira cobaia humana. Esta equipe permitiu que  Lau desenvolvesse, na dissolução da gravidade, nada mais que a máquina do tempo.

    O primeiro teste com a cobaia humana aconteceu, e Priya foi parar no buraco gravidade. Laurence e toda equipe ficaram loucos de preocupação. Ele deixa de lado a sua crença na ciência, e ligar desesperado para Patrícia à busca magia. Ela disse a Laurence se trouxer sua amiga de volta você vai ter que me dar a menor coisa que você possuir, ele prometeu. Patrícia usou uma magia muito poderosa para trazer Priya como um falcão estranho. No dia seguinte, ele coloca a aliança da avó nas mãos de Patrícia. 

    A Patrícia, ainda menina, foi levada para academia de bruxaria. Sonho realizado. Eltisley tinha dois campi separados, Eltisley Hall tinha grandes prédios de pedras com mais de seiscentos anos, onde os alunos e alunas usavam uniforme e martelaram regras e fórmulas infinitas. Em Eltisley Maze, não existia formalidade, as habilidades com a magia eram vistas de forma espontânea. A junção das duas escolas permitiu o equilíbrio no mundo da magia. Ela deixou a escola para ir morar em um apartamento, onde dividia com sua colega Didi e Racheline. Todo o dia, saía pelas ruas e pelos hospitais de São Francisco a procura de pessoas doentes nas quais ela pudesse aplicar os seus poderes de cura. Neste livro, a autora regasta os caçadores de bruxas, que tiram a vida de outros personagens como Toby, além de deixar ferimentos em Diantha e Sameer. 

    A supertempestade passou pela cidade dos pais de Patrícia e deixou um rastro de sangue e destruição; a perturbação na atmosfera terrestre causada pelo ciclone tropical, associadas à presença de calor e umidade em abundância sobre os oceanos quentes, as chuvas e ventos intensos, só poderia ser trabalho de magia. E, neste exato momento, estava ocorrendo o encontro de duas almas gêmeas, a liberação de calor pelos corpos adicionado à umidade do suor, possibilitou que supertempestade chegasse à cama de Laurence, revelando o fototropismo emocional por ela. 

    OPINIÃO


    Esta foi uma leitura intensa e emocionante. Para quem gosta de narrativas com reviravoltas, o livro termina com ataque ao idealizador do gerador de buraco de minhoca e seu chefe, por um grupo de bruxas e bruxos, que realizam uma intervenção pelo planeta, para manter o equilibro, e eles precisavam destruir a máquina apocalíptica. 

    Finalmente chegamos ao quarto livro. Depois de muito tempo, o Peregrino regressa da sua jornada, faz de tudo para reunir os seus pais. Patrícia transmitiu para a essência humana misturada com magia de seu pai e Laurence elaborou software. O Peregrino reaparece quando os seus pais estão solitários, e, com isso, a autora nos mostra a relação interpessoal entre máquina e o humano, para diminuir ou aumentar o sentimento de solidão. 

    Em suma, Denver, o canhão antigravitacional, à SDT, criada por Isobel e a antiga equipe de Laurence, além de enviar as pessoas para outra dimensão, causam modificações climáticas e destruição dos ecossistemas da Terra, levado dor, sofrimento, e a morte. 

    O desfecho entre a ciência e magia, foi junção entre elas.

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    (*) Edirlene Ana de Souza é enfermeira, apaixonada pelo mar e pela música. Sempre que pode, está consumindo ficção, sejam livros, filmes ou séries.


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