Campus Party 2019: Ocupar, representar e inspirar
Por Alessandra Costa
Lá em 2008, quando eu tinha 16 aninhos eu fiquei encantada com a chegada da Campus Party em
São Paulo, mas com o passar dos anos fui perdendo a vontade de estar neste lugar, por achar que
não me pertencia. Eu achava que era um evento focado totalmente no nicho de quem trabalha com
tecnologia e fiquei feliz em perceber hoje em 2019, conhecendo pela primeira vez a Campus, que
não é bem assim. E ainda bem!
Minha principal missão era acompanhar o bate-papo sobre o racismo institucional, infelizmente não
consegui chegar mais cedo e peguei os últimos 15 minutos, onde foram trocadas experiências
sobre o impacto do racismo institucional e enfatizada a importância do “ninguém solta a mão de
ninguém”, de o movimento negro estar presente em todos os lugares e acolher cada vez mais
negras e negros que se sentem sozinhos nos espaços públicos, como a faculdade ou o trabalho e
dar suporte a eles, fortalecê-los.
consegui chegar mais cedo e peguei os últimos 15 minutos, onde foram trocadas experiências
sobre o impacto do racismo institucional e enfatizada a importância do “ninguém solta a mão de
ninguém”, de o movimento negro estar presente em todos os lugares e acolher cada vez mais
negras e negros que se sentem sozinhos nos espaços públicos, como a faculdade ou o trabalho e
dar suporte a eles, fortalecê-los.
Bate-papo "O racismo institucional" na CPBR 12 |
E então, conversei um pouco com uma das mediadoras do bate-papo, Thayná Miguel. E pra mim foi
inspirador! Ela me contou que é formada em TI, está no projeto Fab Lab Livre SP, que em resumo se
trata de uma iniciativa que leva a tecnologia da impressão 3D para as escola públicas de SP. Thayná
faz pedagogia, já foi voluntária na Fundação Casa e é voluntária no Movimento dos Trabalhadores
Sem Teto (MTST). Falamos sobre o quanto espaços públicos, como as escolas, reforçam o racismo.
Aliando sua experiência e o estudo da Pedagogia, ela pode perceber o quanto os profissionais da área
não são preparados para lidar com o racismo, muitas vezes chegando a propagar seus preconceitos
aos seus alunos. Como por exemplo, alertar o jovem negro que sonha em ser médico de que isso
nunca será possÃvel (“Onde já se viu médico preto?!”), minando toda a esperança do jovem que poderia
ser um impulso para a mudança. Contou quando foi voluntária na Fundação Casa e pôde perceber que
os garotos já não tinham perspectiva de uma mudança de vida fora dali e diziam “Quando eu sair daqui,
depois de dois ou três meses eu tô aqui de volta!” com certeza ele convive em um ambiente social
que não incentiva a recuperação e o progresso pessoal do indivÃduo, mas a sua estigmatização.
Quando vivemos em uma sociedade que não acredita em médico preto precisamos e temos o dever
de, dentro do nosso pequeno e importante privilégio, trazer essa discussão em um evento de tecnologia,
e em qualquer outro espaço. Precisamos dar voz às pessoas estigmatizadas e massacradas pelo
racismo, mostrar que há sim novas perspectivas e que é necessário que todos os negros tenham essa
oportunidade. Para isso ser conquistado, precisamos quebrar as estruturas do racismo, e em especial,
o racismo institucionalizado.
inspirador! Ela me contou que é formada em TI, está no projeto Fab Lab Livre SP, que em resumo se
trata de uma iniciativa que leva a tecnologia da impressão 3D para as escola públicas de SP. Thayná
faz pedagogia, já foi voluntária na Fundação Casa e é voluntária no Movimento dos Trabalhadores
Sem Teto (MTST). Falamos sobre o quanto espaços públicos, como as escolas, reforçam o racismo.
Aliando sua experiência e o estudo da Pedagogia, ela pode perceber o quanto os profissionais da área
não são preparados para lidar com o racismo, muitas vezes chegando a propagar seus preconceitos
aos seus alunos. Como por exemplo, alertar o jovem negro que sonha em ser médico de que isso
nunca será possÃvel (“Onde já se viu médico preto?!”), minando toda a esperança do jovem que poderia
ser um impulso para a mudança. Contou quando foi voluntária na Fundação Casa e pôde perceber que
os garotos já não tinham perspectiva de uma mudança de vida fora dali e diziam “Quando eu sair daqui,
depois de dois ou três meses eu tô aqui de volta!” com certeza ele convive em um ambiente social
que não incentiva a recuperação e o progresso pessoal do indivÃduo, mas a sua estigmatização.
Quando vivemos em uma sociedade que não acredita em médico preto precisamos e temos o dever
de, dentro do nosso pequeno e importante privilégio, trazer essa discussão em um evento de tecnologia,
e em qualquer outro espaço. Precisamos dar voz às pessoas estigmatizadas e massacradas pelo
racismo, mostrar que há sim novas perspectivas e que é necessário que todos os negros tenham essa
oportunidade. Para isso ser conquistado, precisamos quebrar as estruturas do racismo, e em especial,
o racismo institucionalizado.
Saà inspirada por enxergar meu papel, entender que não se trata de um papel que exija grande ações,
de grandes proporções, mas ação constante, me envolvendo e me empatizando com as pessoas,
com suas lutas diárias e que tem muito a ver comigo também.
de grandes proporções, mas ação constante, me envolvendo e me empatizando com as pessoas,
com suas lutas diárias e que tem muito a ver comigo também.
Igualdade de Gênero |
Foi incrÃvel ver muito mais pessoas negras do que eu imaginava ocupando esse espaço com uma
forte contribuição e também grupos que dão destaque aos negros, às mulheres e aos LGBTI+,
como o Pyladies, Django Girls, Afro Python, Campus Pride, entre tantos outros que também quero
conhecer melhor e do universo que se mostrou pra mim, formados por pessoas como eu!
Então vamos adiante, retroceder jamais!
forte contribuição e também grupos que dão destaque aos negros, às mulheres e aos LGBTI+,
como o Pyladies, Django Girls, Afro Python, Campus Pride, entre tantos outros que também quero
conhecer melhor e do universo que se mostrou pra mim, formados por pessoas como eu!
Então vamos adiante, retroceder jamais!
Outras atrações da CPBR 12 |
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