O prazer de ler e o ler com prazer : experiência com #Pretaread
Por Dani Razia
Madrugadas insones fazem parte do meu cotidiano e sou mais produtiva nesse horário (infelizmente?). E nessas horas comecei a matutar como a leitura muda e salva vidas.
Aprendi a ler com 4 anos de idade, através do livro mais conhecido do mundo.
Meu pai era um católico fervoroso e resolveu iniciar meu aprendizado de leitura através da Bíblia. A Bíblia não é uma leitura fácil para adultos, imaginem para uma criança que nem entendia as palavras que eram usadas ali. Pois bem, a violência em certas partes que lia e conseguia sacar me assustavam mais que algum filme de terror.
O fato é que aprendi a ler e por ter iniciado de uma forma mais hardcore minha leitura ficou impecável. Mas ler a Bíblia não era meu interesse de leitura então escapei das aulas um pouco ao descobrir os filmes do Superman com o Reeves.
O Reeves/Super virou meu crush e aos 6/7 anos jurava que ele era o amor da minha vida. Já imaginava o casamento . filhos...Que vergonha!
Um belo dia uma febre pavorosa me pegou, e nada fazia a bendita diminuir, nada parava dentro do meu estômago. Chegou ao ponto que ao fim do dia nem conseguia sair mais da cama e minha mãe resolveu me levar ao médico.
Nesse meio tempo meu pai chegou da rua trazendo uma sacola de plástico, virou pra minha mãe e disse:
"Já tenho o remédio dela aqui".
Minha mãe olhou o conteúdo da sacola e realmente pistolou. Meu pai tirou de lá duas HQs do Superman e me entregou. Ele disse que eu estava "dodói de amor".
Sei que isso é bem maluco, e minha pessoa poderia ter morrido por causa da febre alta e mais doido ainda foi a minha mãe aceitar a experiência de leitura , para ver se "ficaria bem".
O incrível é que umas duas horas depois , a febre passou, e meu pai disse orgulhoso para minha mãe:
"Tá vendo Betinha, o amor dela por ler que a fez melhorar".
E foi desse modo peculiar que entrei no mundo dos quadrinhos, ahaha! Ter uma conexão boa /lembrança fortalece mais ainda minha fome por ler. E ler por prazer e ter prazer ao ler são coisas um tanto distintas, acreditem. Não encontrei muitos livros que me despertassem essa conexão até ler uma frase da Octavia Butler :
Estava passando por uma das várias crises existenciais da vida e quando bati os olhos , a conexão veio forte e poderosa.
Decidi seguir a frase "renascer".
Talvez seja um tanto forte dizer que Octavia salvou minha vida, pois não estava em perigo físico, mas sim desesperançosa. Nos tempos de hoje principalmente, a falta de conexão com coisas simples é recorrente. Ler , e falo de leituras consideradas " boas", também se faz em falta.
E talvez por isso o meu prazer em ler tivesse se esvaído com o passar do tempo . Essas iniciativas de leitura são magnificas, e digo mais , não falo isso por fazer parte de uma; o conceito de coletivo e ter todo mundo engajado em algo bom e que nos faça pensar é maravilhoso.
E de quebra voltado para nosso " lado".
Um livro da adolescência e os crush mal resolvidos: a obra A marca de uma lágrima criou uma conexão entre a Isabel e a fase em que minha pessoa passava no momento.
"A marca desta lágrima testemunha que o amei perdidamente
Em suas mãos depositei a minha vida, e me entreguei completamente.
Assinei com minhas lágrimas cada verso que lhe dei
Como se fossem confetes de um carnaval que não brinquei.
Mas a cabeça apaixonada delirou
Foi farsante,
vigarista, mascarada
Foi amante, entregando-lhe outra amada
Foi covarde que, amando, nunca amou!"
Pedro Bandeira - A marca de uma lágrima
E, aproveitando o gancho, sigam a tag #PretaRead e o cronograma lá na @pretaenerd
Também espero que compartilhem suas conexões de leitura e as boas lembranças adquiridas com elas.
Compartilhei a minha aqui. <3
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