Como sobrevivi aos 4 dias da CCXP 2016!
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Melhores companhias de viagem! (esq. pra dir.: Flávia Silva-Neves, Anne Louise Dias, Fernanda Neves e Anne Caroline Quiangala) |
Em muitos sentidos, a minha experiencia completa se deu graças à equipe do fabuloso Collant sem Decote e, em especial, à hospitalidade de suas editoras, Rebeca Puig e Clarisse França, além da Karol Porfírio, Bruno Trindade (thanks!), Carolina Lee, Leonardo Hwan, Kelly Cristina do Nascimento, Carlos Norcia e Caio D’Andrea. A companhia e diversão também não seriam plenos se não fosse a white friend Anne Dias que se dispôs a sair de Brasília e se aventurar rumo ao desconhecido, a sista de orientação que faltou aula da pós junto comigo, Fernanda Neves, e sua irmã Preta, Nerd & Genial, Flávia Silva Neves – esta conhecida por seu completo, aconchegante e acadêmico Psicologia & Cultura Pop. Quero, portanto, iniciar o texto agradecendo a todas essas pessoas e agradecer ao convite e companheirismo da Rebeca Puig. Voilà.
Primeiro dia, Primeiros Instantes
Os 617309287 relatos sobre a fila e manuais de sobrevivência não são capazes de descrever o horror real. Não por falta de competência, mas porque o tipo de experiência de estar presa em amontoados de currais onde não é possível sentar, nem é próximo ao banheiro ou bebedouro é incomunicável. O fato da haver poucos caixas e da equipe se mostrar despreparada para lidar com o caos, não é uma primeira impressão positiva. Fato.
Entramos na fila por volta de 12h30min e conseguimos as credenciais as 16h10min. Nesse meio tempo percorremos alguns quilômetros ziguezagueando o primeiro andar do estacionamento. Ora ouvindo o “tema épico” do evento, ora distantes, mas numa situação de Sísifo, sabe? A gente sempre voltava ao mesmo lugar. A lição que aprendemos foi a de que, talvez seja melhor solicitar a entrega da credencial em casa.
Apesar dessa primeira impressão, conseguimos entrar e aí sim foi demais. Encontramos as irmãs doutorandas Fernanda e Flávia Neves e tiramos fotos com o primeiro cosplay,
Andamos por toda a feira, para nos familiarizarmos com o lugar e definir o que fazer nos próximos dias. Conferir a programação antes é importante, mas o mapa em mãos no lugar faz toda a diferença:
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Estudar o mapa foi bem importante |
Ainda absortas por termos conseguido entrar e sem saber muito como entrar no espírito da festa, tiramos a primeira selfie no estande de Harry Potter. O “caras de plástico” vem da sensação de cansaço e fome junto com o imperativo de não se deixar abater, e, claro porque #vaiserépico.
Depois disso vem uma questão importante: alimentação. No primeiro dia não sabíamos bem o que encontrar, porque são várias praças de alimentação, todas com restaurantes bem diversos. Ouvimos vários conselhos sobre levar biscoitos, frutas e água, mas no primeiro dia não nos organizamos tão bem. A maioria das lanchonetes não ofereciam opção vegetariana, mas, quando ofereciam, era à base de soja. No geral, a comida é sim, bastante cara como os manuais dizem, e de qualidade mediana, mas não encontrei nenhuma comida “chateante”. Para quem tem outros tipos de dieta/ética é importante levar seu próprio alimento realmente.
Depois de alimentadas fomos às compras. Para aproveitar promoções reais você precisa ir com uma ideia dos descontos disponíveis na internet, por exemplo: encadernados de super-heróis podem ser encontrados com, pelo menos 10% sobre o preço de capa. Há estande na CCXP que pode taxar 10, 15 ou 20% A MAIS do preço de capa. Eu comprei algumas edições das Guerras Secretas (1984) porque nem pela internet estava fácil encontrar e outra: consegui 10% de desconto à vista. O Rise of the Tomb Raider para X-Box One também valeu a pena comprar porque estava com um preço mais baixo que o para 360 em sites confiáveis.
Eu pesquisei bastante as artistas que estariam no Artist’s Alley, o endereço e os dias – principalmente as que eu sigo no Instagram. Comprei o excelente quadrinho *que eu queria há tempos* We Pet da ilustradora mineira Ana Cardoso e ganhei um postal e um boton. Junto à Kaol Porfírio (de quem comprei boton da Uhura e do Finn <3) estava a Ale Presser, de quem comprei o encantador (e surpreendente) Arrorz. Esse momento de comprar o material com as gurias foi um momento muito rico.
Segundo dia!
No segundo dia não houve problemas para entrar, já que estávamos em posse das nossas credenciais. Como no primeiro dia tanto eu quanto a Anne comprarmos mais coisas do que as bolsas suportavam, decidi ir de mochila, até porque levei salgadinhos e frutas para aproveitar melhor o dia.
Embora tenhamos acompanhado o painel do telão (ou seja, sem o conteúdo exclusivo), valeu a pena ouvir as respostas da Milla sobre representação de heroínas fortes e não sexualizadas e, sobretudo, aumentou a hype para Resident Evil 6.
Assim que saímos do zigzag para o auditóro multiuso, nos deparamos com a presença ilustre de Cauã Reymmond na casa de vidro do Omelete. Ele estava divulgando a adaptação do romance Dois irmãos (Milton Hatoum) que será lançado no início de 2017. Ele sorriu para a gente e ele é lindo de verdade ao vivo.
“[vice decorativo] que me desculpe, mas não é todo dia que temos um Cauã Reymond aqui no palácio”
(Dilma Rousseff via agenciaestado)
No painel sobre os X-Men nós nos decepcionamos bastante. Tanto porque os “convidados internacionais” pareciam estar ali obrigados, quanto pelas respostas evasivas à plateia entusiasmada.
Saímos de lá sem muita ideia sobre o tema e eu não saberia sequer contar sobre o que foi.
Terceiro dia, o grande dia!
Encontrei a artista Diane Araújo (@dikaraujo) no estande da Social Comics. Foi dos encontros mais mágicos da CCXP! Eu fiquei paralisada no início, mas isso não durou muito. A admiração mútua quebrou o clima de timidez e logo estávamos rindo e conversando sobre quadrinhos (note a presença inconveniente do Frank Miller!). Ela fez um sketch da Miss Marvel pra mim no postal, e me deu uma credencial de acesso e recomendações de leitura da Social Comics! Depois desse encontro com a Dika, podem observar minha aura-anti-hater fortalecida
Aproveitando que o nosso QG era na frente da mesa da Kaol Porfírio, encontrei um postal da Thor (Fight like a Girl) que me lembrou a melhor orientadora de mestrado, aniversariante do dia: Cíntia Schwantes. Neste dia, a Kaol estava lançando a zine sobre relacionamento abusivo. Foi bastante simbólico ser naquele ambiente, com incontáveis cosplayers de Arlequina baseadas no filme.
Isso tudo, claro, ajudou a relaxar, afinal, eu fui convidada pra participar da mesa Furiosas: mulheres que chutam bundas!, mediada pela Rebeca Puig (Collant sem decote) com pessoas incríveis. Para vocês terem ideia da ansiedade, no dia anterior eu não lembrava de nenhuma! Nenhuma, apesar de ter escrito alguns textos neste blog ao longo do ano!
No caminho para o auditório acompanhamos um pouco o telão de Sense8 e, nossa, a atriz Tina Desai é realmente muito maravilhosa ao vivo! Como estávamos apressadas para chegar ao destino, não pude sequer ficar paralisada fronte ao telão, nem gravar video, nem foto, nem nada! Invejosas dirão que é maquiagem, mas não, ela estava linda e sem maquiagem!
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Foto por Fernanda e Flávia Neves |
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Foto por Fernanda e Flávia Neves |
“Observamos uma ascensão de personagens femininos. Começamos uma ascensão tímida de produtoras de conteúdo: na primeira temporada de Jessica Jones, havia três roteiristas e, agora, para a segunda temporada, será uma diretora”
“Nova Bordelon (interpretada pela atriz Rutina Wesley), pode construir nesta série uma personagem negra forte, sem necessariamente ser uma super heroína com poderes especiais, mas que tem poderes para lidar com o mundo real”
“a gente tem que entender que é necessário mudar as mentalidades. Temos que adaptar os personagens para a nova era. Estamos mudando a cada dia e a mudança é uma consequência, não podemos deixar os HQs, os filmes, as séries parados enquanto estamos evoluindo.”
“Não é só uma questão da culpabilidade masculina, precisamos ter empatia e cobrar do mainstream que as próprias mulheres contem suas histórias, que as pessoas de cor possam contar suas próprias histórias. Uma experiência não pode ser retratada sem que você realmente tenha vivido isso. É necessário um acolhimento de “vamos escrever juntos?”
Essa mesa foi uma troca inestimável de afeto e de sororidade tão grande que a conversa se estendeu até o fim da noite! Foi tão intenso que não saberia descrever, foi como sinestesia. Mas ainda teve o quarto dia.
O quarto e derradeiro dia!
O último dia foi o mais leve em termos de expectativas. A ideia era aproveitar as experiências que não foram possíveis até então: VR, jogos e scape room.
Neste dia também conheci o trabalho da Dharilya, de quem comprei um postal muito fofo da Wanda/Feiticeira Escarlate e reconheci o trabalho de Carol Cunha (que eu conheci o 1º Encontro Lady’s Comics) e ela me deu um marcador gracioso! <3
Em seguida, fomos explorar a parte mais distante, e encontramos um estande de action figures que vendia Heroclix! Meu objetivo era comprar as peças da Tempestade e a Misty Knight, mas uma coisa me chamou a atenção: eles estavam vendendo brinde de MClanche SEM O LANCHE por R$ 25, 00!
Essa banca estava vendendo brinde de Mclanche feliz por R$25. Ta bom pra você? #reclameaqui #blackmagic #ccxp2016 #pretanaccxp
Uma foto publicada por Preta, Nerd & Burning Hell (@pretanerdburning) em
Apesar desse momento de venda desleal (que me fez pensar sobre a Gestalt, já que eu só vi o conteúdo e não as letras da embalagem) e do VR estar cheio conseguimos entrar na scape room e foi uma experiência OK, reduzida pelo tempo de espera, em pé, na fila. A parte positiva vou o convite repentino para participar da mesa A Etnia dos super herois importa? mediada pelo Bruno Trindade do Renegados Cast. Compuseram a mesa a Carolina Ricca Lee (Lotus PWR), Kelly Cristina do Nascimento (Minas Nerds), Érica Awano (Holy Avanger), Leonardo Hwan (Yo Ban boo) e eu, representando o Preta, Nerd & Burning Hell.
O argumento de que personagens não-brancos não vende já caiu por terra graças ao Pantera Negra e à Kamala Khan que foram referências desse ano. Sem dúvidas a etnia dos heróis importa, porque ela influencia nas relações entre as pessoas por meio da empatia ou da identificação.
Aproveitei o último dia para comprar alguns quadrinhos mensais da Marvel, além do último par de Rat Queens (sorry Rebeca!) e prints maravilhosos da incrível Adriana Melo. Sim, eu que me prometera não comprar print algum!
Considerações finais: sobrevivi!
E você, foi à CCXP 2016? Não deu pra ir? Compartilha com a gente!
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